Olhos que vêem e ouvidos que ouvem
Mas, felizes são os olhos de vocês, porque vêem; e os ouvidos de vocês, porque ouvem.
Mt. 13:16
Essas palavras foram proferidas por Jesus após contar a parábola do semeador. Após contá-la, muitos não entenderam e ficaram por isso mesmo, mas, os verdadeiros discípulos de Jesus se incomodaram com a história que acabaram de ouvir e se aproximaram de Jesus para questionar a sua forma de ensino.
Ao que Jesus respondeu: "A vocês foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos céus, mas a eles não" (v.11). Aqui Jesus revela uma grande verdade sobre como deve ser nosso comportamento enquanto cristãos.
Devemos ter ouvidos e olhos bem atentos para poder, em primeiro lugar, ouvir. Quando andamos em um lugar movimentado, escutamos as vozes de várias pessoas mas, efetivamente, não ouvimos, porque não prestamos atenção até pararmos e focarmos a atenção em ma pessoa que fala.
Quando procuramos alguém para ouvir o que ele tem a nos dizer, nos utilizamos dos dois sentidos que Jesus destaca no verso: visão e audição. Se vemos a pessoa, mesmo sem ouví-la, nos dirigimos para próximo a ela e então iniciamos o diálogo.
Da mesma forma, se não a vemos, mas escutamos a sua voz, somos guiados pelo som até sermos capazes de ver e iniciar ou participar do diálogo. Deus requer de nós o ver e o ouvir. E a diferença entre ver e enxergar e ouvir e escutar está em uma característica simples: a atenção.
Mesmo que saibamos que vamos ouvir o que não queremos ouvir, a atenção às palavras e a forma como isso é expressado para nós nos traz a certeza e esclarece os objetivos pelos quais procuramos alguém para dialogar. Nos guia para que possamos fazer o que é preciso e saibamos o que realmente estamos fazendo.
Em segundo lugar, precisamos identificar a voz de Deus, como diz em João 10:4, "Depois de conduzir para fora todas as suas ovelhas, vai adiante delas, e estas o seguem, porque conhecem a sua voz.".
A todas as pessoas que nos são íntimas conhecemos a voz. O nosso primeiro nível de intimidade com o Senhor está no reconhecimento da Sua voz. Mesmo que não tenhamos fé o suficiente para entendermos o que Ele fala, sabemos que é Ele, e esse é um passo vital para a continuidade da nossa caminhada cristã.
Em segundo lugar, precisamos entender o que ele nos fala. Não adianta de nada conversar com alguém cujo idioma não sabemos. Temos o entendimento limitado a expressões e gestos. Deus quer que entendamos a sua linguagem e, no crescimento da caminhada cristã, aprendemos o idioma de Deus ao ponto de conseguirmos entender Seus pensamentos antes que nos expresse todas as palavras.
O verdadeiro entendimento do que Ele nos fala nos conduz a um grau de intimidade maior e mais profundo. E Ele não poupa esforços para se fazer entendido por nós. O simples desejo de entender o que Ele nos diz nos torna parte do seu grupo de discípulos. Jesus cita Isaías antes de falar o texto-base deste post: "Pois o coração deste povo se tornou insensível; de má vontade ouviram com os seus ouvidos, e fecharam os seus olhos. Se assim não fosse, poderiam ver com os olhos, ouvir com os ouvidos, entender com o coração e converter-se, e eu os curaria" (v. 15)
Deus entende que todo amadurecimento, inclusive o espiritual, é um processo. Ele mesmo se dispõe a se fazer entendido, desde que simplesmente desejemos entender o que Ele nos diz, e mesmo que não estejamos pré-dispostos a obedecer de antemão ao que Ele fala. A obediência ao que Ele diz é uma decisão que precisamos tomar, mas só podemos tomá-la cientes do que Ele realmente nos diz.
A obediência não é opcional para mantermos nossa caminhada cristã, mas é uma decisão que precisamos tomar para estarmos livres de tentações e pecados que tentam nos afastar dEle. A obediência, ainda que não seja razoável aos nossos critérios, é crucial para nos manter seguros em Seus braços. Mas só podemos obedecer as ordens que escutamos e entendemos.
Ver, escutar, entender e obedecer são princípios básicos de caminhada cristã que precisamos assumir em nossas vidas para que Ele cumpra o Seu propósito em nós e através de nós.
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