Sem Saída
não sou digno de toda bondade e lealdade com que trataste o Teu servo. Quando atravessei o Jordão eu tinha apenas o meu cajado, mas agora possuo duas caravanas.
Gn 32:10
Quantas vezes convivemos com assuntos mal resolvidos em nossas vidas por anos a fio? Sabemos que temos Deus em nós, que Ele nos sustenta e nos abençoa mas, mesmo assim, vivemos fugindo de tratar aquele "probleminha"?
O texto acima faz parte da oração de Jacó. Ele enganou seu irmão e seu pai, roubando a bênção que deveria ser dada ao seu irmão Esaú. Depois de receber a bênção se passando por Esaú, Jacó fugiu e, por 20 anos, trabalhou para seu sogro, sendo enganado por ele, mas tendo a bênção de Deus, que o fez prosperar abundantemente.
Deus é sempre misericordioso e compreensivo, tardando o efetuar da Sua ira e justiça pelo Seu grande amor para conosco. Jacó conviveu com o sentimento de culpa por 20 anos, não deixou de ser abençoado e usado por Deus nesse período mas, por mais que fugisse ou se escondesse, havia chegado a hora de enfrentar a fúria de Esaú.
Deus sempre há de nos fazer confrontar aquilo que nos incomoda. Uma falta de perdão, uma falha cometida e não confessada, um pecado que trouxe tristeza.
E, enquanto não nos deixamos ser tratados por Ele, todas as bênçãos que recebemos não são plenamente aproveitadas até que nos deixemos ser tratados por Ele.
Jacó estava sobremodo abençoado materialmente, tinha muitas coisas que o próprio Deus lhe deu, mesmo estando a lidar com um sogro enganador e trapaceiro. Mas quando sentiu que deveria confrontar o seu passado "negro", todos os seus bens e a sua família pareciam não valer nada.
No decorrer dessa história, a bíblia relata por várias vezes Jacó criando estratégias e perdendo o sono por conta do encontro com seu irmão. Seu desejo era ser perdoado, mas sabia que Esaú poderia muito bem fazer mal a ele e a sua família.
De que adiantava toda aquela riqueza? Mesmo abrindo mão de grande parte do que ganhara em 20 anos de trabalho, Jacó não sentira segurança de que seu irmão o receberia bem e o perdoaria ou pelo menos o deixaria seguir viagem sem sofrer com a perda de alguém querido ou até mesmo da sua vida.
Mas Jacó decidiu prosseguir viagem. Colocou Esaú nas mãos de Deus e, cheio de medo e temor partiu para o confronto. Mandou muitos mensageiros e presentes à sua frente e prostrou-se em terra, como sinal de que se arrependera e queria restaurar seu relacionamento com ele.
E Esaú o recebeu com alegria. Nenhum dos presentes que Jacó lhe enviara antes de chegar havia tocado tanto o coração dele quanto o abraço que recebera do seu irmão.
Da mesma forma nós, mesmo tendo bênçãos da parte de Deus, não podemos deixar de enfrentar nosso passado, nossos medos e traumas e tudo aquilo que nos fez pecar antes sob a pena de não podermos aproveitar tantas bênçãos que recebemos por estar cheios de medo.
Jacó não esperou "criar coragem". Ele enfrentou seu medo ainda temendo o que poderia acontecer. As bênçãos de Deus não significavam que Ele o livraria de um confronto com a ira de seu irmão. Mas ele sabia que Deus queria tratar seu passado e se colocou disposto a confrontar isso com Deus, acontecesse o que acontecer.
Se queremos poder desfrutar do que Deus nos deu em paz, precisamos promover essa paz, confrontando nossos erros do passado e do presente, certos de que Ele estará ao nosso lado para fazer cumprir o Seu querer.
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