Sexto Capítulo do Livro: "Eu sei que meu Redentor vive!"

Finalizando a divulgação do meu livro, segue abaixo o último capítulo que será publicado aqui no blog. 

Eu sei que meu Redentor Vive! - Capítulo 6

    
Passam-se 2 meses. Nesse meio tempo, Jó se muda para a nova casa e viaja ao sul da África. No escritório, percebe um comportamento estranho por parte do sr. Alberto, que não comenta mais nada com ele sobre o vazamento .

A ação de Satanás está prestes a começar. 

- Tudo em ordem? - Pergunta Jó a seus filhos chegando ao aeroporto. 
  
- Sim, pai - responde Gilberto - está tudo aqui. 
  
- Então, vamos! - Chama Jó a todos. 
  
Todos vão à fila do check-in para checar as passagens e documentação. Após a devida checagem todos sentam-se em alguns bancos no aeroporto para conversarem. Jó fala a todos. 
  
- Bom meus queridos filhos, em primeiro lugar gostaria de dizer a vocês que tudo isso que está acontecendo hoje aqui é uma bênção de Deus, e que vocês conquistaram esse presente pelos seus esforços nos estudos e no seu relacionamento com seus pais. Vamos agora todos fazer uma oração por esse passeio de vocês, para que Deus os acompanhe em todo o percurso, em todas as atividades e que, acima de tudo vocês possam crescer espiritualmente com essa viagem e serem servos fiéis em cada oportunidade que tiverem de ser testemunhas vivas da vida que Cristo deu a vocês. 
  
Jó reúne a todos num abraço coletivo e faz uma oração pela viagem dos seus filhos. Em meio a lágrimas que antecedem o sentimento de saudade e de alívio pela sensação do cuidado de Deus na sua vida, Jó suplica a Deus que os guarde de todo mal, protegendo suas vidas e sua fé, e lhes proporcione não apenas uma visão melhor do mundo, mas uma janela para o conhecimento de Si mesmo através da diversidade da Sua criação. 
  
Após o 'amém' segue um silêncio regado por suspiros de choros contidos, numa sensação de saudade mútua e consolo sobrenatural. Todos se abraçam fortemente e se despedem individualmente com recomendações e palavras de despedida. Marta conversa com Renata, sua irmã, deixando telefones de contato e recomendações para cuidar das crianças. As crianças seguem para a sala de embarque, juntamente com a tia Renata. 
  
Jó e Marta seguem para o saguão do aeroporto até ver a aeronave decolar. Ambos se abraçam, já sentindo os corações apertados de saudades. Quando Marta abraça Jó mais fortemente percebe que algo no bolso do paletó de Jó a incomoda. 
  
- Que é isso no seu bolso, Jó? 
  
- Nã-Não é nada. Nada não Marta. - Gagueja Jó de propósito como se quisesse esconder alguma coisa de Marta, e ajeita alguma coisa no bolso interno do paletó. 
  
- O que é que você anda escondendo de mim, hein Jó? - pergunta Marta enfiando a mão dentro do paletó de Jó no local onde ela sentira algo estranho. 
  
Jó se contorce e tenta impedir que Marta consiga pegar o que está no seu bolso. Entre cócegas e tapas, Marta consegue finalmente tirar o que ela sentira anteriormente: Um envelope dobrado. 
  
- Mas o que é isso, hein Jó? O que você anda aprontando? 
  
- Olha aí. Já não vai dar prá esconder mesmo. . . 
  

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Miguel e Alberto estão reunidos numa cafeteria próxima ao prédio da H&T. 
  
- E aí Alberto? Conseguiu passar as informações para a comissão? 
  
- Sim. Está tudo certo. Hoje à tarde finalmente nosso plano será executado por completo. A presidência já me mandou congratulações pela minha participação fundamental nessa investigação e eu respondi que nada disso seria possível sem o apoio irrestrito da diretoria de TI. Não vejo a hora de acabar com aquele traidor. E eu já tenho planos para levar o amigo dele logo em seguida. E, é claro, vou precisar da sua ajuda. - Fala Alberto 
  
- Pode contar comigo! Depois dessa vão ter que inventar cargos novos prá gente ocupar né? - Provoca Miguel com risadas 
  
- É isso mesmo! - responde Alberto. - Mas agora precisamos ir. 
  
Saem para o escritório como se não tivessem se encontrado no Café. 
  
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Mas o que é isso Jó? Não acredito que você fez isso e não me contou . . .  - Exclama Marta ao ver o conteúdo do envelope. 
  
- Calma, Marta, eu posso explicar . . . 
  
- Explicar o quê, Jó? Você marca as suas férias e eu só fico sabendo na véspera? Eu devia te pegar, seu, seu, seu . . . 
  
- Ssshhhhh! Calma querida. 
  
- Mas se você tivesse me falado que iria tirar férias junto com a viagem das crianças eu teria . . . 
  
- Já sei! Teria programado uma nova Lua-de-Mel naquele hotel no Maranhão... Pousada Brisa do Mar, né?  
  
- Como você sabe, hein? 
  
- Até parece que eu não te conheço nesses mais de 20 anos de convivência, né Marta? Mas com essa confusão toda, não achei que eu realmente conseguisse tirar essas férias. Se a gente tivesse programado a viagem e não desse prá gente ir, a gente ia perder os valores das reservas. 
  
- E agora? O que é que a gente vai fazer nesses seus 20 dias? Ficar em casa? 
  
- Eu estava pensando em outra coisa . . . Mas já que você quer ficar em casa . . . 
  
- Ah! Querido. Vamos viajar, vamos fazer alguma coisa diferente. Já que está muito em cima prá marcar a nossa viagem, a gente podia passar uns dias no litoral, na casa daquele seu tio . . . 
  
- Eu tenho uma idéia melhor. - Diz Jó tirando outro envelope do bolso traseiro de sua calça. 
  
- O que será dessa vez, hein Jó? - Marta pega o envelope e tira os papéis do seu conteúdo. 
  
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No QG de Satanás, um dia bem movimentado. 
  
- Comandante 87-C, como andam os nossos planos para atormentar Jó? 
  
- Senhor, hoje mesmo ele será surpreendido. Garanto ao senhor que será uma surpresa bastante desagradável. Ainda daremos um jeito de forçar seus pensamentos para que se revolte contra o inimigo, como se isso fosse ação direta dele. - Entrega a Satanás seu plano de ação. 
  
Satanás lê o plano e faz seus comentários: 
  
- Não podemos marcar bobeira. Quero mais soldados do que o normal para atormentar Jó e outros ainda com as pessoas com as quais ele se relaciona. Revise este plano e traga-o para mim para iniciarmos nossa ação. 
  
- Sim, senhor.  
  
- Comandante 88-C, a quantas anda os tormentos à família de Joseph? 
  
- Senhor, tudo está OK. Assim que o plano começar e o inimigo baixar a guarda, pode ter certeza de que Marta e a situação dos seus filhos vai mexer profundamente com a fé dele. - Entrega um plano de ação à Satanás. 
  
Satanás lê o plano de ação, acha alguns pontos interessantes e responde. 
  
- Acho que você poderia agir mais na situação das crianças. 
  
- Mas senhor, o foco de toda ação está sobre Jó e . . . 
  
- Lembre-se: Não é porque Jó é o nosso alvo que ele deva ser o centro de todas as ações. Podemos atingí-lo mais, ser mais incisivos. Lembre-se que ele é pai. Ademais, a permissão que nós temos não é muito clara com relação aos filhos dele especificamente . . . Mas seria interessante fazê-los blasfemar também, sem focar muito nisso. Volte à sua mesa e me traga um plano, digamos, mais forte sobre as crianças. Quero mais sofrimento, mais motivos para se desgostarem com o nosso inimigo. Quero que Jó esteja totalmente desesperançado! 
 
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- Eu não posso acreditar Jó. Você programou a nossa Lua-de-Mel todinha sem me dizer nada . . . - Diz Marta surpreendida e meio brava 
  
- Se você não gostar eu posso cancelar . . . - Responde Jó pegando o envelope. 
  
Marta dá um longo abraço e beijo em Jó, chorando pela realização do seu sonho. Encosta sua cabeça do lado da de Jó no longo abraço e diz bem baixino no seu ouvido: 
  
- Eu te amo, querido! Muito obrigada por esta surpresa. - E aperta o abraço. 
  
- Vamos então querida. Temos muitas malas para fazer e eu preciso ir hoje ainda para o escritório. A comissão de investigação vai apontar o resultado hoje. 
  
Jó e Marta saem do aeroporto. Jó deixa Marta em casa e segue para o escritório.

  
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- Perfeito! -  Exclama satanás ao rever os planos de ação de seus comandantes. - Vamos entrar em ação já!  
 
Um dos generais chama pelo rádio um soldado monitor: 
  
- Atenção 871-M! 
  
- Na escuta senhor! 
 
- Preciso monitorar todos os movimentos de Jó hoje. Gruda nele! 
  
- Mas, senhor, o inimigo me mantém à distância de Jó. 
  
- Não hoje, 871-M, não hoje. Permissão de aproximação completa. 
  
- Sim senhor. Monitoramento ativo! 
  
- Atenção soldados do plano Derruba Joseph! 
  
Os soldados respondem que estão na escuta. 
  
- Quero todos em posição! O plano está começando a ser executado agora. Permaneçam atentos para eventuais comandos do QG. Como os senhores já sabem, esse plano vai ser observado diretamente por mim. 
  
Todos respondem e estão eufóricos para começar a agir. Satanás senta-se na sua cadeira de frente para o monitor que mostra Jó chegando ao escritório. Fala para si mesmo: 
  
- He he he he! Finalmente, Jó, você vai sentir o gostinho do sofrimento! 
  

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Jó chega ao escritório eufórico com suas férias. Sente-se radiante. Segue para sua sala, lê seus e-mails e prepara-se para reunião. Envia e-mails delegando atividades a seus subordinados na sua ausência, e prepara-se para ir embora logo após a reunião. 
  
- Olá Jó! - Fala Roberto abrindo a porta da sala de Jó. - E aí, as crianças partiram? 
  
- Oi, Beto. Sim as crianças partiram hoje cedo. Entra aí, senta. 
  
Roberto vai entrando e sentando-se em frente à mesa de Jó. 
  
- E as férias? 
  
- Por mim começavam agora mesmo. Assim que acabar a reunião com a comissão estou entrando de férias. 
  
- Isso aí, amigão! E essa reunião? Já tô ficando estressado com tudo isso.  
  
- Mas finalmente hoje termina tudo, né? 
  
- Ou começa, Jó, ou começa. 
  
- Calma Beto. Você tem motivos para temer? 
  
- Não. 
  
- Então? 
  
- Eu não confio nem um pouco no sr. Alberto. 
  
- Olha, Beto, prá ser sincero contigo, ele tem agido muito estranhamente comigo desde o começo disso tudo. Mas tudo isso está sendo conduzido mais pela comissão do que pelo sr. Alberto em si. 
  
- Certo, Jó. Por mais que você tenha razão, algo me diz que o sr. Alberto não ficou quietinho simplesmente observando a ação da comissão. 
  
Roberto levanta-se e vai se dirigindo para a porta: 
  
- A gente se encontra lá? 
  
- Claro, em 15 minutos. 
 
  
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Todos os gerentes estavam tensos. Desde o dia do anúncio da criação da comissão, todos foram entrevistados e nada mais se soube sobre os andamentos da investigação. Jó, Roberto e todos os outros gerentes dirigem-se pontualmente à sala de reuniões para ouvir o resultado final. Todos estão apreensivos na sala esperando o sr. Alberto por uns poucos minutos que beiram uma sensação de eternidade para todos ali: 
  
- Caros senhores, bom dia! – Alberto inicia a reunião. Ouve um burburinho como resposta e continua:

 – Vou passar a palavra imediatamente à comissão para que eles apresentem seu relatório. Com a palavra, o dr Reinaldo. 
  
- Bom dia, senhores. – Outro burburinho – Eu, em nome da comissão de investigação, venho comunicar aos senhores a conclusão da investigação relativa à espionagem industrial ocorrida nesta diretoria. 
  
- Antes de revelar o nome do acusado, detalharei aos senhores os procedimentos relativos a esta investigação. 
  
- Como dito na nossa primeira reunião, o acusado será afastado do seu cargo e desta empresa até a devida conclusão de todo o processo. Terminado o processo interno, o acusado será devidamente indiciado criminalmente. 
  
- As evidências que nós levantamos e que nos foram passadas pelas ferramentas de denúncia são bem claras quanto à sua autoria. O acusado deverá apresentar sua defesa diante da Justiça Comum, em audiência a ser marcada quando for indiciado criminalmente. 
  
- Sem mais demoras, esta comissão acusa o Sr. Joseph Ferreira sob a acusação de espionagem industrial e divulgação de informações de cunho sigiloso. 
  
Todos ficam atônitos. Qualquer um ali poderia ser mais acusado do que Jó. O próprio Jó fica pálido e sem ação. Há tempos ninguém se dirige a ele pelo seu nome e dessa vez, nem parece ser ele mesmo. Parece que o mundo desabou sobre si. Roberto fica indignado e não se contém. 
  
- Com todo respeito, Dr. Reinaldo, mas eu e, com certeza todos os meus colegas aqui, não acreditamos que seja possível que Jó esteja fazendo isso. Esse relatório só pode estar equivocado. 
  
- Entendo a indignação de vocês, mas este veredicto não foi tomado apenas em acusações infundadas. Temos registros de e-mails e telefonemas incriminadores relacionados às credenciais do Sr. Joseph. E não bastasse o vazamento de informações, os seus relatórios dos últimos 3 meses estão com dados manipulados, exibindo um lucro por parte da sua gerência muito maior do que o lucro real obtido.

- Essa falsificação dos dados gerou dados financeiros publicados com números falsos, acima do real, tendendo a valorizar as ações da Companhia com informações inverídicas. Quando isso tudo vier à tona, as ações da H&T terão um prejuízo histórico. Por essa razão esta comissão está fortemente inclinada a abrir um processo criminal contra o sr. Joseph.
  
 - Como dito anteriormente, o Sr. Joseph está momentâneamente afastado de suas funções até segunda ordem ou condenação por conta da Justiça.
  
 - Sem mais perguntas, estarei à disposição dos senhores para todos os esclarecimentos necessários. Toda a documentação relativa a este processo estará disponível ao Sr Joseph no prazo de 3 dias. 
  
  O dr. Reinaldo e o sr. Alberto retiram-se da sala com uma discussão entre todos os gerentes. Jó está pálido e congelado. Os outros gerentes conversam com ele dizendo que isso tudo é uma fraude e que ele está sendo o ‘bode expiatório’ para a Companhia demonstrar seu poder. Jó sente-se esmagado e desamparado, apenas acena com a cabeça às palavras de todos. Sai da sala como um zumbi, acompanhado por Roberto.

- Eu preciso de um tempo para poder entender isso. – Jó fala com Roberto que tentava de qualquer forma consolá-lo acusando toda a Diretoria de injustos.

Depois de juntar suas coisas e se recompor pensando no que teria feito para despertar suspeitas, Jó vai prá casa, ainda atormentado pela situação.

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Ha ha ha! - Comemora Satanás. - Ele está desesperado e não vai encontrar consolo em ninguém por perto. Agora sim ele vai se revoltar contra Deus ou pelo menos vai ter sua fé machucada. Não podemos amaciar com esse Jó.
 
- Mas senhor, do jeito que ele está é apenas uma questão de tempo...
 
- Quero força total contra ele! Preparar continuidade do plano em força total!
 
- Sim senhor! - responde o Comandante C-88
 
Na Estação Base Celestial, Agentes veêm a situação e solicitam ação.
 
 - Agente 1544-I chama Estação!
 
 - Na escuta, Agente.
 
 - Solicito permissão para proteger e fortalecer Jó!
 
 - Aguarde, farei a solicitação.
 
 Depois de alguns instantes.
 
 - Permissão negada, agente! Repetindo: Permissão negada!
 
 - Fala sério! Não podemos ajudar Jó? Ele baixou a guarda?
 
 - Ordens diretas do Supremo Comandante, agente. Não questione.
 
 - Sim, senhor. Aguardo novas instruções.
 
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Jó chega em casa ainda pálido e visivelmente abatido pela notícia que recebera. Marta estava tão entusiasmada que não percebeu o estado do seu marido. Jó sentou-se no sofá com as mãos no rosto. Depois de alguns minutos, Marta passa pela sala e percebe que Jó encontra-se extremamente triste. Ela se aproxima e começa a conversar com ele.

 - Que foi, querido? A comissão acusou o Roberto? Ele se descontrolou? Foi demitido?

 - Não, meu amor, o Roberto não foi envolvido em nada. - responde Jó.

 - Então, o que foi? Parece que morreu alguém . . .

 - Marta, eu fui acusado! Estou afastado da empresa até segunda ordem.

Segue um silêncio funerário. Marta fica atônita.

 - Não pode ser, você está brincando comigo . . .

 - Infelizmente não, querida. Por mais inacreditável que pareça, essa é a mais pura verdade.

 - Mas eu vou ligar pro seu chefe, ou pro chefe do seu chefe agora e falar umas verdades - Responde Marta visivelmente alterada. Pegando o telefone e procurando o número na sua agenda.

 Jó a impede de ligar e fala:

 - Marta, meu amor, eu também não engoli essa até agora. Mas sei que precisamos manter a calma. Nosso Deus é justo, mais justo do que qualquer homem ou comissão. Sei que tudo isso será devidamente esclarecido.

 Marta responde indignada:

 - Deus? Como assim, Deus? Se Ele estivesse vendo alguma coisa não teria deixado isso acontecer! Não com a gente. Devolvemos o dízimo fielmente, ofertamos com frequência, trabalhamos e contribuímos com a nossa igreja e comunidade, mantemos uma vida reta. Acho que Ele resolveu tirar férias. Se eu fosse você não contava com Ele não.

 Jó se levanta irritado, repreende Marta e argumenta. Segura sua esposa pelos braços. Marta está desconsolada e chorando copiosamente.

 - Pára! Pára com isso Marta. Você acha que Deus tem obrigação de nos dar sempre o melhor? De nos livrar de todo mal? Acaso nossas contribuições para a igreja ou para qualquer obra são um 'seguro-problema'? Não querida. DEle recebemos tudo o que temos e, se for da vontade dEle, perderemos tudo e começaremos tudo de novo.

 Jó enconsta-se no sofá e fala como para si mesmo.

 - Nós viemos do nada, subimos na vida literalmente erguidos por Ele. Se voltarmos ao nada, devemos ainda assim ser gratos por tudo que Ele nos proporcionou viver. Sem nada viemos a esse mundo, e nada do que a gente ganhe aqui vamos levar pro túmulo ou mesmo para a outra vida.

 Jó vira-se para Marta e fala.

 - Marta, meu amor, eu sei o que foi que eu fiz, e o que foi que eu não fiz. Não existe nada verdadeiro que eu tenha feito que sequer desperte desconfiança. As provas que a comissão diz ter contra mim são falsas ou interpretadas em condições irreais. ,Ainda que eu seja culpado por eles, sei que a justiça será imparcial. Pegarei todo dossiê da investigação e assim poderei provar a minha inocência.

O telefone toca. Marta atende.
 
- Sim. É a esposa dele. Certo. Pode deixar que eu falo com ele.
 
Marta faz engole um forte choro e se dirige a Jó.
 
- Querido, era da imobiliária. Precisamos desocupar a nossa casa. - Marta não se contém e rompe em lágrimas nos braços de Jó.
 
Jó ainda está consolando Marta quando a campainha da sua casa toca. O próprio Jó se dirige à porta para ver quem é, recompondo-se.
 
- Boa tarde, o sr. Joseph Ferreira, por favor. - Solicita o visitante.
 
- Boa tarde, eu sou o sr. Joseph. - Responde Jó.
 
- Eu sou Armando Costa, oficial de justiça e estou aqui com um mandado de avaliação de bens para penhora e entregar-lhe este documento, cujo conteúdo, em resumo, informa-lhe que todas as contas e investimentos financeiros do sr estão indisponíveis até o final do seu julgamento. Se o sr concordar com o levantamento que consta no mandado começo agora mesmo, se não, assine este documento, ciente de que da próxima vez que isso ocorrer, o sr. pode ser preso e o levantamento ser realizado independente do seu consentimento.
 
Jó fica mudo por alguns instantes, como quem não acredita mo que está acontecendo. O oficial interrompe o silêncio:
 
- Sr. Joseph, preciso repetir o que disse?
 
- Não. Não precisa repetir, o sr. pode cumprir o seu mandado sim. Entre por favor. - Concorda Jó meio deslocado do mundo.
 
-  Algum dos bens neste imóvel não pertence ao senhor? - Pergunta o Oficial
 
- Não senhor, exceto o próprio imóvel, todos os outros bens são de minha propriedade. - Responde Jó.
 
O Oficial passa a fazer o inventário dos bens de Jó, enquanto ele se aproxima de Marta, para inteirá-la do ocorrido. Os dois sentam-se no sofá, com feição de desespero, segurando choro no seu limite. Após terminar o seu inventário, o Oficial pede para falar com Jó.
 
- Sr. Joseph, nenhum dos bens constantes nesta lista pode deixar este imóvel. Peço ao sr. que confira atentamente esta lista e, caso concorde, assine no campo abaixo.
 
Jó confere o inventário e assina o documento. O Oficial vai embora. Jó está fechando a porta ainda quando Marta atende ao telefone:
 
- Boa noite, pastor. As coisas por aqui andam bastante atribuladas . .  .
 
- Pois é, Marta - responde o pastor - Eu vi o noticiário e imagino que deve estar sendo bastante difícil prá vocês. Eu gostaria de conversar com Jó. Ele se encontra?

Marta chama Jó ao telefone e lhe informa que é o pastor.

- Pois não, pastor Júlio.

- Olá Jó. Nem vou perguntar como você está porque imagino que a sua vida deve estar revirada nesse momento. Conheço a sua conduta por vê-lo constantemente no convívio da igreja e pelo testemunho de vários irmãos aqui e sei que há algo de muito estranho em tudo isso que está acontecendo. Sei que você seria incapaz de fazer algo assim. E, sabendo disso, confesso-lhe que tomei uma decisão difícil.

- Pois não pastor, pode falar que eu ajudarei no que estiver ao meu alcance. Minha vida pode estar muito abalada, mas a minha fé está firme na Rocha. - Interrompe Jó.

- Que bom, Jó. Você vai precisar mesmo ser bastante firme neste momento. Este escândalo está tomando proporções muito grandes e, para manter a boa imagem da nossa igreja, decidi afastá-lo de suas atribuições. Além disso, peço gentilmente que evite tanto quanto possível ser visto como membro aqui. Sei que vocês vão compreender que é difícil administrar os ânimos da pessoas que frequentam a nossa igreja e, pelo menos até a 'poeira baixar', não seria bom para a igreja como instituição ter sua imagem associada com um escândalo desses. No mais, qualquer assistência que nós, como igreja ou eu, como irmão em Cristo, pudermos fazer por vocês, estamos às ordens.
 
- Certo pastor. Entendi.  Fique tranquilo que estarei seguindo suas recomendações. -  Responde Jó num misto de indignação e desespero.

Marta, que observou as feições intrigantes de Jó durante a conversa, interroga Jó sobre o que o pastor falara ao telefone. Jó explica a história toda à Marta que, indignada, reclama:

- Caramba, que igreja é essa que abandona as pessoas quando elas mais precisam?

Jó fica meio sem resposta. Nesse instante o telefone toca novamente.

- Deixa que eu atendo! - adianta-se Marta. - Se for o pastor de novo vai escutar o que não quer . . .

 
 - Olá Graça. Que bom que é você. Já estava ficando aflita por falar com as crianças. As coisas por aqui estão atribuladas e elas precisam estar cientes de alguns fatos quando retornarem.

Marta começa a escutar Graça e fica pasma, pálida e mole. Jó pega água e uma cadeira para Marta sentar-se e começa a ficar aflito com o que possa estar acontecendo. Marta responde à Graça já aos prantos:

- OK. Graça. P-Por-favor, mantenha-me informada. Tchau.

Marta desliga o telefone, abraça Jó e chora por alguns minutos. Jó já está desesperado, mas sente que Marta precisa descarregar um pouco as emoções. Sente que pode não ser uma notícia tão ruim assim, já que acabaram de sofrer uma enxurrada de más notícias. Enfim, Marta se acalma um pouco e começa a contar a Jó o que acontecera.


- Querido, as crianças chegaram bem à Barcelona para a escala do vôo que os levaria à Itália. Em seguida, o vôo que iria da Espanha para a Itália saiu no horário certo e, segundo a companhia aérea, todas as crianças embarcaram. -  Marta chora um pouco mais, e Jó a consola, começando a ficar mais preocupado com a história, Marta continua, em tom de choro - Acontece que a Graça estava espeando este vôo, e o horário de chegada foi se estendendo até que, depois de mais de 2 horas sem nenhuma explicação, autoridades italianas pediram para conversar com os parentes dos passageiros do vôo. Informaram que estão sem contato com a aeronave há 1 hora e não há nenhuma notificação de pouso de emergência em nenhum outro aeroporto próximo à rota do vôo das crianças. Não há também nenhuma notificação de queda ou acidente de avião nessa rota. As forças aéreas de todos os países na rota foram acionadas e estão em trabalho de localização da aeronave.

Agora ambos se rompem em choro convulsivo, lamentando pelas crianças, pedindo a Deus um fio de esperança. Marta empurra Jó para o lado e grita descontrolada:

- Tá vendo, Jó! De que adianta servir a Deus? Cadê Ele agora? Sempre nos dispomos com nosso tempo, nosso dinheiro e tudo mais que Ele nos pediu. Agora, estamos órfãos e abandonados por Ele.

Marta anda de um lado para outro. Amaldiçoando sua vida. Olha pro céu, com o dedo em riste e grita:

- Acaso está o Senhor perto de nós agora? Se estás me ouvindo, se estás vendo esta desgraça de vida que o Senhor nos deu, vem agora e termina o serviço. Derruba este teto sobre as nossas cabeças e nos mate. Já que gosta de sofrimento, não precisa nos matar de uma vez, podemos sentir muita dor ainda antes de morrermos soterrados por esta 'bênção' e morrer depois de passar alguns dias numa UTI.

Jó se levanta e tenta controlar Marta. Mas ela continua agressiva:

- Me larga! Me larga! Você não está vendo que a desgraça tomou conta da nossa vida duma vez só? Me deixa morrer em paz. Até o inferno deve ter mais consolo para mim do que essa mísera esperança de termos tudo de volta.

Marta se cansa e senta no chão chorando compulsivamente. Depois de um tempo, Jó se ajoelha do lado de Marta e conversa com ela.

- Querida, sei que tudo isso parece um pesadelo, uma loucura. Me sinto tão abandonado quanto você. Parece que nem Deus está do meu lado neste momento. Não consigo senti-Lo como O sentia. Mas a fé que me foi dada por Ele ainda permanece viva dentro de mim. Ele é o Justo Juiz, o regente de tudo o que acontece. Sinto-me como preso, sem acesso a Deus, e neste momento, só posso confiar que Ele está no comando, que Ele tem planos diferentes do que o que fizemos para a nossa vida. E cabe a nós, como seus servos, aceitar esta situação como um sinal de que devemos procurá-Lo mais e não nos afastarmos dEle. Quem mais teria respostas ou explicações para tudo isso do que Ele mesmo? Sem Ele interpretaremos tudo isso de forma distorcida, do ponto de vista minúsculo e limitado de criaturas como somos. Se Ele fez isso ou se permitiu isso, de alguma forma Ele quer nos dizer algo, e só poderemos ouvir se estivermos perto dEle.

- Mais do que simples criaturas, somos Filhos dEle. Sei que pode ser uma lembrança dolorosa agora, mas quero que se lembre de quando Lúcia tentou fugir de casa, achando-se preterida em relação aos seus irmãos. Fomos duros com ela e a corrigimos com amor. Mesmo assim ela continuou brava conosco e disse que ficaria sem falar com a gente, que não nos amava mais, entre tantas outras coisas. Tem também a história do Mateus, que quis porque quis andar sozinho no supermercado até que deixamos que ele andasse sozinho e se perdesse. Então ciente de que realmente não era para ter feito o que fez, caiu aos prantos e, quando o encontramos, vimos que ele aprendeu bem que mesmo contra a vontade dele, quase sempre impomos nossa vontade como pais para protegê-lo. Deus age da mesma forma, hora castigando, hora deixando-nos à própria sorte e ainda nos permite passar por dificuldades para que possamos nos tornar mais fortes e dar-nos a certeza de que dependemos exclusivamente dEle. Alguns processos de aprendizados são dolorosos, mas necessários. Não sei o que pode ser isso que estamos passando, mas sei que precisamos encontrá-Lo e nos confortarmos em Seus braços de amor.


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Duas semanas depois, Jó e Marta estão instalados nos fundos da casa de Joana, irmã de Marta.
 
-Já fazem 2 semanas que o avião da Italian Air Lines desapareceu sobrevoando o norte da Itália. Estão desaparecidas 90 pessoas entre passageiros e tripulantes. Autoridades de Itália, França e Espanha estão enviando reforços para auxiliar na busca pela aeronave, corpos e sobreviventes. Devido às fortes nevascas, equipes em terra ainda não puderam ser utilizadas. Vôos diários e constantes de aviões e helicópteros estão à busca de qualquer sinal . . .
 
- Como você consegue assistir isso, Jó? Já não tenho nem lágrimas mais para chorar. - Questiona Marta. 

- Nem eu sei, querida. Sofremos tantos reveses que já estou meio 'anestesiado' de tudo. Humanamente falando, o que me mantém sóbrio é a certeza de que as coisa  não tem como piorar mais. - Responde Jó, desligando a TV. Toca a campainha.
 
- Boa noite, o sr. Joseph por favor. - Cumprimenta o sr. Armando, Oficial de Justiça.
 
- Sou eu. Pois não, em que posso ajudá-lo? - Responde Jó
 
- Sr. Joseph, estou aqui para cumprir um mandado de prisão preventiva contra o senhor. O senhor tem direito a um advogado, mas o senhor precisa me acompanhar junto com os policiais. O senhor pode fazer uma ligação, pegar objetos de uso pessoal e retornar para ser acompanhado até a delegacia. 
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Espero que vocês tenham gostado dos trechos do livro publicados aqui. Para saber como toda a história se desenrola, compre o livro:  Eu sei que meu Redentor vive! 

Comentários

Luciana Campos disse…
Olá Anderson APDSJ,
Encontrei seu blog por acaso porque fui conhecer o blog da Lu Castro e vi você como seguidor...
Parabéns pelo livro varão, Deus te abençõe grandemente, se precisar de alguma divulgação no meu blog me diz, manda o banner do livro que eu posto lá e faço um post indicando com todo prazer.
Você conhece a UBE? União de blogueiros evangélicos? Também é bem interessante porque lá você pode divulgar o seu blog e consequentemente o livro...
Um grande abraço pra você e para Andréa.
Luciana Alexandra C. Coutinho

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