O que você quer de Deus?
"Ele guardará os pés dos seus santos, mas os ímpios serão silenciados nas trevas, pois não é pela força que o homem prevalece. "
1Sm 2:9
Vamos meditar um pouco na história de Ana, a mãe de Samuel, e ver como a ação de Deus em sua vida pode nos trazer lições para hoje.
Primeiro, alguns fatos:
1) Ana era estéril (v.2 e 5)
2) Ana era mais amada por seu marido (v. 4 e 5)
3) Ana era provocada constantemente por sua rival, pelo fato de ser estéril (v.6 e 7)
4) Seu marido tentava lhe consolar, demonstrando seu amor apesar de sua deficiência (v.8)
5) O amor de seu marido não era suficiente para aplacar sua necessidade de ser mãe, ao ponto de ficar deprimida (v.10)
Até este ponto, poderíamos imaginar Ana como uma mulher ingrata, que tinha quase tudo na vida, porém se prendia a algo que não tinha.
Não temos muito mais detalhes sobre ela para poder afirmar alguma coisa, mas quem conhece o restante da história sabe que dificilmente Ana seria uma pessoa mesquinha ao ponto de ignorar todas as bênçãos que tinha e se prender às tribulações e dificuldades que a vida traz.
O que isso diz para nós? Acredito que seja importante para nós refletirmos sobre isso nas nossas vidas no sentido que, às vezes temos muitas coisas que queremos, mas falta algo grandioso para nós.
Eu vivo um pouco disso, e sei que desejar algo a mais quando já se tem muita coisa parece ser estúpido, mas não há nada que consuma mais nossa felicidade do que estar numa situação assim. Frequentemente o desejo de abrir mão de tudo para viver e ter aquela bênção tão desejada bate à porta e, se realmente essa troca pudesse ser feita, a faríamos.
Vamos continuar analisando a situação de Ana:
6) Ana conhecia uma única saída pela qual conseguiria superar sua esterilidade: seu Deus. Sem se importar como seria vista aos olhos das outras pessoas, dedicou-se a clamar insistentemente para que Ele intervisse em seu favor, fazendo o voto de que o filho do seu ventre seria consagrado ao Senhor e serviria todos os dias da sua vida na Sua casa. (v. 10 à 13)
7) Seu clamor foi tão marcante ao ponto de chamar a atenção do profeta de Deus (v.14)
8) Diante do sacerdote expôs sua fragilidade, guardando no seu coração, contudo os detalhes do motivo que a deixara assim. (v.15 e 16)
9) O sacerdote, acredito mais que para se ver livre daquela mulher, a abençoou (v.17)
10) Ana tomou posse da bênção, apartou de si a depressão, louvou a Deus e nEle acreditou, segundo as palavras do sacerdote (v.18 e 19)
Aqui o quadro se torna diferente, Ana chega ao ponto de se sentir tão incomodada pela sua deficiência e pelas provicações da sua rival que decide que sua situação só pode ser resolvida junto ao sobrenatural.
Ela se coloca disposta a ignorar as regras e convenções da sua época para se fazer ouvida por Deus e, desta forma, receber a bênção que tanto desejava. E Ana vai mais além: Depois de receber a bênção que tanto desejava, a entregaria nas mãos de Deus, como prova de que aquilo que queria não era maior do que Deus em sua vida.
Para nós vale a mesma regra: o quanto estamos dispostos a sacrificar para receber aquilo que queremos? Será que o que queremos vai tomar o lugar de Deus em nossas vidas? Será que, depois de recebermos aquilo que pedimos estaríamos dispostos a entregar o que recebemos a Deus?
Cabe a nós avaliarmos não apenas a maneira e a intensidade do que pedimos, mas o que pedimos também. Tiago nos adverte: "Quando pedem, não recebem, pois pedem por motivos errados, para gastar em seus prazeres." (Tg 4:3) . De que forma o que queremos contribuirá diretamente ou indiretamente para que o Reino de Deus seja exaltado? É importante sabermos esta resposta pois ela nos dirá muito sobre as razões pelas quais Deus deixa de nos dar determinadas coisas.
Devemos avaliar também o quanto nosso desejo nos impede de buscarmos a Deus. O texto lido fala que todas as vezes que Ana subia para adorar a Deus era ultrajada pela sua rival, mas nem por isso Ana deixou de ir à presença de Deus diante dessas afrontas, pois ela sabia que o seu Deus era maior do que as ofensas da sua rival.
Diante disso, devemos sempre avaliar nossos desejos diante do que Deus já fez por nós, daquilo que o que queremos pode contribuir para o Reino e o quanto estamos dispostos a pagar para recebermos o que queremos.
Se o que queremos não tira o brilho das vitórias alcançadas, se contribui direta ou indiretamente para que o Reino de Deus se estabeleça, se não fere a nossa fé e se estamos dispostos a ignorar o que os outros pensam de nós para que Deus saiba que realmente queremos a bênção dEle, então devemos seguir em frente e nos embebedarmos em lágrimas de ardor pela presença dAquele que tudo pode fazer em nosso favor.
Se fizermos votos, como Ana fez, devemos nos apressar em cumpri-los, não podemos deixar de maneira nenhuma que a alegria pela bênção recebida se torne razão maior de vivermo, mas devemos crer que o Deus que abriu os céus para que recebêssemos algo impossível para nós, pode nos dar muito mais.
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